quarta-feira, 9 de março de 2011
Cubanos esperam morte natural do regime
Crise econômica e falta de direitos civis fazem população esperar morte de líderes para ver mudança na Ilha.
Na Havana de poucos prédios restaurados e de construções e ruas deterioradas, há um cansaço explícito com a Revolução Cubana – e um desejo implícito de mudança. Por temor, são poucos os que assumem isso com todas as letras, mas, num discurso muitas vezes ácido contra o governo, os cubanos revelam nas entrelinhas esperar a morte dos líderes Fidel e Raúl Castro para ver o fim do regime cinquentenário.
Dizem que as reclamações feitas abertamente nas ruas, em restaurantes e cafés, nos pontos de ônibus, nas barbearias, dentro dos táxis, são um fenômeno relativamente recente na capital cubana. Segundo o jornalista independente Reinaldo Escobar, é coisa de uns cinco a seis anos. A blogueira Regina Coyula, do site Malaletra, concorda. “Antes, se falávamos algo como ‘a situação está cada vez pior’ num ponto de ônibus, só havia silêncio. Agora, sempre alguém se junta ao coro”, contou.
Um dos principais motivos é o bolso. Com a economia do país em frangalhos, o governo vem apertando o cinto. Com metade de seus campos improdutivos, Cuba importa 80% dos alimentos. Mas, com a diminuição do preço do níquel no mercado internacional – o principal produto de exportação cubano – e do turismo pela recessão mundial, o país cortou 38% de suas importações no ano passado para tentar seguras divisas.
Os efeitos foram sentidos diretamente pela população, que percebeu a diminuição gradativa da lista de alimentos subsidiados. Os cortes de produtos foram tão drásticos que correu o rumor de que o governo estudava cancelar de vez a “libreta de abastecimiento”, sistema que vigora na Ilha desde 1962. “Se suspenderem a libreta, a população morrerá de fome”, disse uma cubana que pediu para não ser identificada. “A situação está cada vez pior. Não há esperança. Não há onde nos agarrar”, completou.
fonte:ultimosegundo.
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